Se você já domina AMP, Core Web Vitals e otimização de imagens, vale conhecer um recurso que joga a favor do clique orgânico em mobile: SXG — Signed Exchanges.
Ele permite que o Google faça prefetch da sua página de forma privativa, validada por assinatura, e entregue o conteúdo praticamente instantâneo quando o usuário toca no resultado. O endereço que aparece no navegador continua sendo o seu.
O ganho percebido é direto em TTFB, LCP e, por tabela, no CTR.
Abaixo, explico como funciona, quando usar, como ativar e como medir.
O que é SXG em linguagem direta
SXG é um formato assinado do seu HTML.
O buscador pode baixar antecipadamente esse pacote, validar a assinatura e guardar no cache.
Quando o usuário clica no resultado, o navegador abre a sua URL canônica, porém já com o HTML pré-carregado.
O processo preserva privacidade e atribuição: não há cookie antes do clique e a barra de endereço sempre mostra o seu domínio.
Em termos práticos, SXG é um turbo de percepção de velocidade sem exigir AMP.
Por que isso acelera
- Reduz TTFB: parte do caminho de rede já aconteceu durante o prefetch.
- Melhora o LCP: o HTML chega rápido e os recursos críticos (imagem hero, CSS crítico) começam a renderizar antes.
- Evita layout jank: com Critical CSS e dimensões explícitas, o HTML pré-carregado tende a estabilizar a página mais cedo, ajudando CLS.
- Ajuda Discover: cards clicados abrem “na hora”. Em ambientes de feed, essa sensação é diferencial.
Quando SXG faz mais sentido
- Sites com alto tráfego orgânico mobile.
- Conteúdos públicos e cacheáveis (notícias, artigos, guias, listagens).
- Páginas que já estão otimizadas em LCP, CLS e INP, mas ainda sofrem com latência e redes móveis.
Quando pode não ser ideal
- Páginas personalizadas por usuário ou atrás de login.
- Conteúdo com trocas muito frequentes e TTL curto.
- Paywalls rígidos que dependem de verificação antes do HTML.
Requisitos básicos
- HTTPS e HTTP/2+.
- HTML estável por alguns minutos (defina Cache-Control coerente).
- CDN ou servidor capaz de gerar e servir
application/signed-exchange
. - Imagens em WebP/AVIF, dimensões explícitas e preload de fontes essenciais para maximizar o ganho no LCP.
Como ativar na prática
Opção 1: via CDN (a rota mais simples)
CDNs como Cloudflare e Fastly oferecem SXG automático. Em geral, é ligar o recurso no painel e validar.
O provedor cuida da assinatura e do content negotiation.
Checklist rápido:
- Habilite Automatic Signed Exchanges no CDN.
- Garanta URL canônica correta no
<head>
. - Defina Cache-Control público com TTL realista e
stale-while-revalidate
se disponível. - Mantenha HTTP Compression ativa (Brotli).
- Teste no Chrome DevTools: a aba Network deve mostrar entradas
application/signed-exchange
.
Opção 2: no seu stack
Se você controla a borda:
- Gere SXG com ferramentas como
sxg-rs
. - Sirva o pacote e anuncie via negociação de conteúdo.
- Entregue o HTML canônico normalmente para navegadores que não suportam SXG.
- Monitore cache, erros de assinatura e vary headers.
Boas práticas para extrair o máximo
Otimize o HTML que será assinado
- Critical CSS inline e CSS restante adiado.
- Imagem hero com
width
eheight
definidos efetchpriority="high"
. - Fonte principal com
rel="preload"
efont-display: swap
. - JS não crítico abaixo da linha de corte e quebrado em módulos.
Garanta paridade com a página canônica
O SXG não é outro HTML. É a mesma página, assinada.
Evite divergências que causem flash de conteúdo distinto ou problemas de medição.
Analytics e contagem de pageviews
Prefetch não é pageview. A visualização só acontece após o clique, quando a sua URL abre.
Verifique se suas tags não contam em duplicidade ao trocar de prerender para visível.
SEO técnico e Discover
- Mantenha dados estruturados idênticos.
- Use imagens ≥ 1200 px e
max-image-preview:large
para habilitar imagem grande no Discover. - Combine SXG com capa leve e título objetivo para elevar CTR.
Como medir o impacto
1) Core Web Vitals de campo
Acompanhe LCP e INP no Search Console e no CrUX. Espere melhora na cauda longa de conexões mais lentas.
2) Tempo até interação real
Monitore Time to First Byte e First Contentful Paint via RUM. Em cliques vindos da Pesquisa, a tendência é cair.
3) CTR e bounce
Avalie variações de CTR por query e tipo de dispositivo antes e depois.
Abertura imediata reduz fricção e costuma impactar rejeição.
4) Teste A/B controlado
Segmente por diretório, por exemplo /noticias/
com SXG e /blog/
sem SXG por 2 a 4 semanas.
Compare LCP p75, CTR e tempo médio na página.
Erros comuns que derrubam resultados
- TTL irreal: expira rápido demais e o prefetch não encontra pacote fresco.
- HTML instável: muda a cada request e invalida a assinatura.
- Imagens pesadas: SXG acelera o HTML, não milagres; se a hero pesa 900 KB, o LCP sofre.
- Scripts bloqueantes: render-blocking anula o ganho do HTML pré-carregado.
- Falta de fallback: não deixe navegadores sem suporte caírem em erro de tipo.
Plano de implementação
- Selecione rotas canônicas públicas e estáveis.
- Revise caching headers e minifique o HTML.
- Habilite SXG no CDN ou instale a ferramenta de empacotamento.
- Valide
application/signed-exchange
no Network do DevTools. - Garanta imagem hero otimizada e Critical CSS.
- Ative
max-image-preview:large
eog:image
≥ 1200 px. - Teste schema.org e metatags no canônico e no SXG.
- Publique em grupos de URLs e monitore LCP e CTR.
- Ajuste TTL e preload com base nos dados.
- Escale para o restante do site.
Perguntas rápidas
SXG substitui AMP?
Não. SXG é uma entrega mais esperta. Quem cuida do conteúdo e da UX é você.
Quais navegadores suportam?
Suporte robusto em Chrome e navegadores baseados em Chromium. Outros navegadores recebem o HTML normal.
Posso usar em páginas de produto?
Sim, desde que o HTML seja cacheável e não personalize preço ou estoque no servidor.
Para dados dinâmicos, carregue via API após o clique.
Abrir páginas quase instantaneamente
SXG é um atalho técnico para abrir páginas quase instantaneamente a partir da Pesquisa, sem trocar seu domínio por um cache de terceiros.
Ele melhora tempo percebido, ajuda LCP, favorece o CTR e reduz atrito no mobile.
Funciona melhor em conteúdos públicos, com caching correto, Critical CSS, imagens leves e medição confiável.
Ative primeiro em um conjunto de URLs, meça, ajuste TTL e só então escale. A combinação SXG + CWV em dia + imagem grande costuma render o melhor efeito prático.
Referências
- Google Developers — Signed Exchanges (SXG)
- Google Search Central — SXG na Pesquisa Google
- Cloudflare Docs — Automatic Signed Exchanges
- Fastly — Signed Exchanges
- IETF — Signed HTTP Exchanges (Web Packaging)