RAG na prática: como montar um copiloto com base nos seus dados

Aprenda RAG passo a passo para criar um copiloto confiável com seus dados. Guia de arquitetura, métricas, segurança e roadmap.

Quim PierottoQuim Pierotto21/08/2025
RAG (Retrieval Augmented Generation)

A promessa é simples: respostas certas, na hora certa, usando o seu acervo interno, o caminho para isso passa por RAG (Retrieval Augmented Generation).

Uma abordagem que combina busca em bases próprias com modelos de linguagem.

O resultado é um copiloto que consulta documentos, políticas, tickets e repositórios antes de responder, reduzindo alucinações e aumentando a confiança.

Neste guia direto, você vai entender onde o RAG faz diferença, a arquitetura mínima para sair do zero, como avaliar qualidade e custo, além de um roadmap de 30 dias para validar no seu time.

O que é RAG e onde usar

RAG é um pipeline onde o modelo só responde depois de recuperar trechos relevantes do seu conteúdo.

O fluxo é: usuário pergunta.

O sistema busca os melhores pedaços em um índice.

Esses trechos viram contexto no prompt.

O modelo então responde citando as fontes.

Use quando o conhecimento necessário está em:

  • Base de ajuda e manuais de produto.
  • Contratos e documentos jurídicos.
  • Procedimentos internos e playbooks de operação.
  • Histórico de tickets e chats com clientes.
  • Wikis e repositórios técnicos.

Evite quando a pergunta exige raciocínio puramente geral ou não há base confiável.

RAG multiplica a qualidade do que você já tem.

Se sua base for ruim, a resposta também será.

Arquitetura mínima viável

RAG na prática: como montar um copiloto com seus dados

A arquitetura de um RAG funcional cabe em cinco blocos: ingestão, chunking, embeddings e indexação, recuperação com reordenação e geração com formatação.

Ingestão e preparação

Conecte as fontes com connectors simples. Comece por PDFs, páginas HTML, Markdown, planilhas e bancos de tickets.

Trate o básico:

  • Normalização de caracteres e remoção de boilerplate.
  • Deduplicação por checksum.
  • Detecção de PII para redigir dados sensíveis quando necessário.
  • Versionamento para rastrear o documento de origem.

Capture metadados desde o início: título, autor, data, tipo, permissões, link de origem e hash.

VEJA TAMBÉM:  LLMS.txt: o arquivo secreto que faz seu site aparecer nas respostas de IA

Eles serão úteis para filtros, relevância e auditoria.

Chunking: quebrar bem é metade do jogo

Evite pedaços gigantes, o ideal é trabalhar com 200 a 500 tokens por chunk, com sobreposição de 10 a 20% para preservar contexto.

Quando possível, use semantic chunking em títulos e subtítulos.

Em bases com muitos tópicos curtos, fixed-size resolve bem.

Embeddings e base vetorial

Embeddings transformam texto em vetores.

Escolha um modelo:

  • Multilíngue se sua base estiver em mais de um idioma.
  • Dimensões moderadas para equilibrar custo e precisão.
  • Atualização periódica quando trocar de versão do modelo.

Para o índice, comece com um HNSW ou IVF bem parametrizado.

Decida entre:

  • Gerenciado se você quer velocidade de implementação e SLAs.
  • Self-hosted se precisar de controle fino, custo previsível e dados on-premises.

Recuperação e orquestração

Configure o retriever com top-k entre 3 e 8. Use busca híbrida combinando semântica com termo exato.

Em consultas amplas, ative MMR para diversidade.

Aplique um reranker sobre os 20 a 50 melhores resultados e devolva só os 3 a 5 finais para o modelo.

Na geração, siga um prompt template com instruções claras:

  • Responder apenas com base nas fontes.
  • Citar origem de cada trecho com metadados.
  • Assumir “não sei” quando não houver evidência.
  • Formatar resposta de forma funcional ao usuário.

Pós-processamento e entrega

Implemente citações com título e data, aplique filtros para remover redundância.

Se o caso exigir, adicione ferramentas como calculadora, pesquisa interna ou consultas SQL.

Para chats longos, guarde memória resumida para não estourar a janela de contexto.

Avaliação e métricas que importam

Medir é obrigatório, crie um conjunto de perguntas de verdade do seu negócio com respostas gabaritadas.

Monitore:

  • Factualidade por amostra humana ou LLM-as-judge com rubrica.
  • Coverage. Percentual de perguntas respondidas com base documental.
  • Precision@k e Recall@k do retriever.
  • Citações corretas por resposta.
  • Tempo de resposta P95 e taxa de erro.
  • Custo por resposta e custo por sessão.
  • Deflection rate. Percentual de tickets evitados.
VEJA TAMBÉM:  DeepSeek: A IA Open Source Que Pode Mudar os Negócios Digitais

Teste em duas frentes:

  • Offline. Avals automatizados com golden set.
  • Online. Experimentos A/B medindo satisfação, cliques nas fontes e reabertura de tickets.

Segurança e governança desde o dia 1

RAG sem governança vira risco, trate como produto crítico:

  • Permissões no índice. Filtro por usuário ou grupo no momento da busca. ABAC ou RBAC.
  • Mascaramento de PII e dados sensíveis conforme política.
  • Auditoria. Logue perguntas, fontes usadas, custos e quem acessou o quê.
  • Residência de dados e retenção alinhadas a compliance.
  • Gestão de segredos e rotação de chaves.
  • Rate limiting e contenção de abuso.

Roadmap de 30 dias para POC

Semana 1. Escopo e baseline
Defina 3 casos de uso.

Separe 200 a 500 documentos de qualidade.

Monte um golden set com 50 perguntas.

Implemente telemetria de tempo e custo.

Semana 2. Pipeline e índice
Construa ingestão, chunking e embeddings.

Suba o índice vetorial.

Entregue um retriever híbrido com filtros por metadado.

Calibre top-k e MMR.

Semana 3. Orquestração e evals
Crie prompt template com regras de citação e abstain.

Adicione reranker.

Rode evals offline e ajuste parâmetros.

Estabeleça critérios de “go” para piloto.

Semana 4. Guardrails e piloto
Implemente permissões no índice, logs e painel de métricas.

Treine o time de operação.

Libere para um grupo de usuários e colete feedback estruturado.

Stack sugerida para começar bem

  • LLM. API de uso geral ou modelo aberto afinado para raciocínio.
  • Embeddings. Multilíngue e estável. Ponto de atenção em custos.
  • Vector DB. Serviço gerenciado para POC. Avalie self-host quando estabilizar.
  • Orquestração. Biblioteca madura para retrieval, reranking e tracing.
  • Observabilidade. Painel de latência, custos e qualidade por intenção.
  • Segurança. Controle de acesso no momento da busca e mascaramento de PII.

Evite travar o projeto escolhendo tudo de uma vez, priorize tempo de valor e padrões fáceis de manter.

VEJA TAMBÉM:  Google Veo 3 vs Sora: Qual é o melhor gerador de vídeo por IA?

Anti-padrões que derrubam a qualidade

  • Chunks gigantes que diluem relevância.
  • Só semântica sem busca lexical. Você perde precisão em nomes e códigos.
  • Sem metadado. Fica impossível auditar e filtrar.
  • Índice sem permissão. Vazamento em um clique.
  • Sem evals. Ajustes viram opinião.
  • Prompt que não permite “não sei”. Força alucinação.
  • Não atualizar embeddings após mudanças no conteúdo.

Checklist rápido de implementação

  • Fontes mapeadas e priorizadas
  • Ingestão com normalização e deduplicação
  • Chunking 200 a 500 tokens com sobreposição
  • Embeddings multilíngue definidos
  • Índice vetorial com busca híbrida e MMR
  • Reranker ativado
  • Prompt com regras de citação e abstain
  • Permissões por usuário ou grupo
  • Evals offline com golden set
  • Painel com factualidade, P95 e custo por resposta

RAG não é moda

É um padrão de arquitetura para transformar seu conteúdo em respostas confiáveis.

O segredo está menos no modelo e mais na qualidade do índice, no chunking bem feito, nos metadados certos e na disciplina de medir.

Com um POC de 30 dias, você valida impacto em satisfação, tempo de atendimento e deflection, com segurança e governança desde o início.

A partir daí, o copiloto vira parte do seu produto.

Referências

  • Guia prático de RAG e retrieval em documentação de frameworks de orquestração
  • Documentações de bases vetoriais sobre HNSW e MMR
  • Pesquisas sobre reranking e avaliação automatizada com LLM-as-judge
  • Materiais de boas práticas de privacidade e PII em pipelines de IA
  • Publicações de engenharia sobre observabilidade e métricas de qualidade em IA
Quim Pierotto
Quim Pierotto, profissional e entusiasta digital e líder "visionário", destaca-se no mundo dos negócios digitais com mais de duas décadas de experiência. Combinando expertise técnica e uma abordagem humanizada, impulsiona projetos ao sucesso. Apaixonado por tecnologia e resultados, Quim é um parceiro confiável em empreendimentos digitais, sempre à frente na busca por inovação.
Artigos criados 233

Artigos relacionados

Digite acima o seu termo de pesquisa e prima Enter para pesquisar. Prima ESC para cancelar.

Voltar ao topo