IA no Google Discover: um novo golpe no tráfego dos editores?

IA no Google Discover: um novo golpe no tráfego dos editores?

O Google Discover, principal feed de notícias do app de busca, agora mostra resumos gerados por inteligência artificial. Leia!

Quim Pierotto16/07/2025
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A Google está mudando o jogo e não a favor de quem publica conteúdo, o Google Discover, principal feed de notícias do app de busca, agora mostra resumos gerados por inteligência artificial, com base em múltiplas fontes.

Isso reduz a exposição dos títulos e pode derrubar ainda mais o tráfego de portais e blogs.

Vamos analisar os impactos disso para o ecossistema digital, o que está por trás da decisão do Google e o que você pode fazer agora para reagir.

O que mudou no Google Discover

O novo recurso usa IA para resumir notícias de diferentes veículos.

A estrutura é simples: logos dos sites no canto, um parágrafo de resumo, e a indicação de que o texto foi gerado com IA.

A novidade está em fase de lançamento nos EUA, em dispositivos Android e iOS, focada principalmente em notícias de entretenimento, esportes e estilo de vida.

Segundo o Google, o objetivo é ajudar o usuário a decidir mais rápido o que ler.

Na prática, isso significa que ele pode decidir não clicar em nada.

“Esses resumos são gerados com IA, o que pode conter erros.” Google, em comunicado oficial

Por que isso preocupa editores e criadores de conteúdo

Com IA oferecendo uma versão condensada da notícia, a chance de clique diminui drasticamente.

Ou seja, menos tráfego, menos receita, menos dados de audiência.

E o cenário já vinha ficando ruim antes dessa atualização.

Queda de tráfego orgânico e pesquisas sem cliques

A Similarweb divulgou em junho que o tráfego global de pesquisa caiu 15% em um ano. E pior:

  • Em maio de 2024, 56% das pesquisas não resultavam em cliques.
  • Em maio de 2025, esse número saltou para 69%.

Esses dados mostram que o Google vem se tornando o destino final da jornada, e não mais o caminho até um site.

Google está jogando dos dois lados

É importante lembrar: editores investem tempo e dinheiro para produzir conteúdo.

Eles esperam retorno com base no tráfego.

Mas agora, o Google usa esse conteúdo para treinar IA e gerar respostas resumidas… que eliminam a necessidade do clique.

Enquanto isso, oferece o Offerwall, uma solução tardia para tentar compensar a queda nas visitas.

O que é o Offerwall

O recurso permite que editores monetizem de formas alternativas:

  • Micropagamentos por leitura
  • Responder pesquisas
  • Assinar newsletters
  • Assistir a anúncios

Parece promissor, mas não resolve o problema da visibilidade e do tráfego em declínio.

O impacto nos negócios digitais e no marketing de conteúdo

Se você é criador, estrategista ou dono de portal, essa mudança atinge o coração da sua operação digital: o tráfego.

Menos pessoas entrando no site = Menos leads, menos vendas, menos anúncios entregues.

Os três maiores riscos dessa mudança:

  1. Perda de autoridade: o usuário vê o resumo, mas não associa a fonte.
  2. Queda de engajamento: sem o clique, não há conexão com a marca.
  3. Distorção da mensagem: a IA pode resumir mal ou fora de contexto.

Não dá para depender apenas do Google, o que fazer agora: 6 ações práticas

A seguir, algumas estratégias para mitigar perdas e adaptar sua operação:

1. Aumente sua presença em canais próprios

Construa bases de e-mail, WhatsApp e push notifications. A lista é sua, e não do Google.

2. Fortaleça o branding

Invista em autoridade de marca, não só em SEO técnico. Quando o leitor confia em você, ele vai te procurar, com ou sem IA.

3. Diversifique fontes de tráfego

Explore redes sociais, parcerias e mídia paga. O Discover pode cair, mas o Instagram, LinkedIn e outros ainda funcionam bem.

4. Crie conteúdo interativo

Ferramentas, quizzes, calculadoras e outros formatos que a IA não pode replicar bem são aliados.

5. Aposte em conteúdo de nicho profundo

Resumos são bons para o superficial, mas conteúdo técnico, comparativos, análises e estudos de caso ainda exigem leitura completa.

6. Otimize para múltiplas intenções de busca

Aproveite a semântica de palavras-chave relacionadas para rankear em long tail e aparecer em contextos menos explorados.

Casos reais: como publishers estão reagindo

Vários veículos nos EUA já começaram a se mover:

  • Bloomberg está criando muros de conteúdo com IA personalizada.
  • The Wall Street Journal testa assinaturas adaptativas.
  • Yahoo integrou IA para engajar sem perder o clique.
  • A Particle, uma startup, aposta em permitir que o leitor faça perguntas complementares à notícia, agregando valor e evitando a superficialidade.

Esses exemplos mostram que a saída está na diferenciação, não na reclamação.

A IA vai acabar com o tráfego?

Não. Mas vai mudar a forma como ele funciona.

Quem depende exclusivamente do Google Discover ou da busca tradicional, precisa repensar sua estratégia hoje.

A boa notícia: a IA ainda erra. E a confiança continua sendo o maior ativo digital.

O momento exige ação, não lamento

O Google mudou as regras, de novo.

Se você é publisher, criador ou estrategista digital, precisa entender esse novo cenário e se adaptar rápido.

A IA vai seguir crescendo.

A única pergunta é: você vai crescer junto ou ficar para trás?

Referências

  • Similarweb Market Intelligence, junho 2025
  • TechCrunch, “Google Discover adds AI summaries“, julho 2025
  • The Economist, “AI and the death of the search click”, julho 2025
  • Comunicado oficial do Google
  • Particle Newsroom (case)

Publicado por

Quim Pierotto

Quim Pierotto, profissional e entusiasta digital e líder "visionário", destaca-se no mundo dos negócios digitais com mais de duas décadas de experiência. Combinando expertise técnica e uma abordagem humanizada, impulsiona projetos ao sucesso. Apaixonado por tecnologia e resultados, Quim é um parceiro confiável em empreendimentos digitais, sempre à frente na busca por inovação.

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