Se você abriu o Gmail, fuçou todas as configurações de IA, pesquisou no Google e mesmo assim não encontrou o tal “agent” do Google Workspace, relaxa. O problema não é você. O Google acabou de lançar o Google Workspace Studio, a central para criar agentes de IA que automatizam tarefas dentro do Workspace, e o rollout ainda está acontecendo para contas de negócio no mundo todo.
A boa notícia é que, uma vez ativado, esses agentes conseguem exatamente o que você descreveu: resumir seus e-mails, achar demandas perdidas no meio da caixa de entrada e jogar tudo em um Google Sheets organizado, sem você precisar escrever uma linha de código.
O que é o agente de IA do Google Workspace (Workspace Studio)
O Google Workspace Studio é o novo ambiente para criar, gerenciar e compartilhar agentes de IA dentro do próprio Google Workspace. É ali que você diz “o que” quer que aconteça e o Gemini 3 monta os passos técnicos por trás.
Na prática, esses agentes conseguem:
- Ler e entender o contexto dos seus e-mails, documentos, agendas e arquivos do Drive.
- Tomar decisões simples baseadas em regras e na interpretação do conteúdo.
- Executar ações automáticas em Gmail, Chat, Drive, Sheets e outros apps conectados.
Empresas que participaram dos testes reportaram ganho real. A Kärcher, por exemplo, montou uma “equipe virtual” de agentes para organizar a priorização de features de produto e reduziu em cerca de 90% o tempo de criação de documentos de especificação.
Ou seja, não é só mais um recurso “bonito”. É uma camada de automação que começa a competir com ferramentas como Zapier e Make, mas com um diferencial importante: contexto nativo de tudo que está no seu Workspace e raciocínio de IA no meio do caminho.
Quem pode usar e quanto isso custa
Aqui começa a parte chata que explica por que você não está encontrando o recurso.
O Google Workspace Studio:
- Está disponível para edições de negócio do Workspace, como Business Starter, Business Standard, Business Plus, Enterprise Standard e Enterprise Plus.
- Também aparece em domínios de educação com edições compatíveis, desde que o admin ative os recursos de IA.
Para que os agentes usem IA de verdade, o administrador precisa ativar o Gemini na conta. Nas comunicações recentes, o Google vem simplificando a precificação, incluindo recursos de IA diretamente nos planos de Workspace, com preços a partir de cerca de 14 dólares por usuário por mês em planos de negócios, dependendo da região e do tipo de contrato.
Pontos importantes:
- Preço exato varia por país, moeda e se o contrato é anual ou flexível.
- Algumas empresas podem usar o Gemini Ultra ou planos específicos de AI para ter mais capacidades e limites maiores.
Se você está em um domínio corporativo, o caminho mais rápido é falar com o admin do Workspace e perguntar duas coisas bem objetivas:
- Nossa edição do Workspace é compatível com o Google Workspace Studio?
- O Gemini já está ativado para o meu usuário ou para toda a organização?
Sem isso, o Studio não aparece, por mais que você procure.
Como ativar o Google Workspace Studio na prática

Vamos ao tutorial mão na massa, pensando em quem é admin e em quem é usuário final.
1. Conferir se sua edição é compatível
Se você é administrador do domínio:
- Entre no console de administração do Google Workspace.
- Vá até a área de apps do Workspace e confira se sua edição está listada entre Business ou Enterprise, ou alguma edição de Educação compatível.
- Na Central de Ajuda do Workspace Studio, o Google confirma que o Studio está sendo liberado gradualmente para todas as edições suportadas até o início de 2026.
Se você não é admin:
- Pergunte diretamente ao time de TI se a organização usa uma dessas edições.
- Se a resposta for “sim”, peça para ativarem os recursos de IA para o seu usuário.
2. Ativar o Gemini para o usuário
O Studio até abre sem IA, mas o que você quer é justamente o poder dos agentes com Gemini.
O admin precisa:
- Acessar o console do Admin.
- Ir na seção de configurações de Gemini ou de IA para o Workspace.
- Ativar o Gemini para a unidade organizacional ou grupo onde você está.
Isso libera:
- Gemini nos apps do Workspace, como Gmail, Docs, Sheets, Slides e Meet.
- O uso de IA dentro do Workspace Studio para criar agentes inteligentes.
3. Acessar o Google Workspace Studio pela primeira vez

Depois que o Gemini estiver liberado para a sua conta, você consegue abrir o Workspace Studio por dois caminhos principais:
- A partir de um endereço dedicado da ferramenta no navegador, usando sua conta corporativa.
- Pelo atalho a partir do próprio Workspace, como links de “Automatizar com Studio” em materiais de ajuda recentes do Google.
Ao entrar, você encontra:
- Uma tela com um campo para descrever em linguagem natural o que você quer automatizar.
- Uma galeria de templates prontos, focados em e-mail, reuniões, documentos e rotinas de equipe.
4. Acessar o Studio a partir do Gmail e do Chat
O Google está integrando o Studio direto na lateral do Gmail, Chat e outros apps, para você criar e administrar agentes sem sair do fluxo de trabalho.
A experiência típica é:
- Abertura do painel lateral de Gemini no Gmail ou no Chat.
- Botão ou atalho para abrir o Workspace Studio ou gerenciar os agentes ligados àquele app.
Se você ainda não está vendo nada disso, é quase certo que o rollout ainda não chegou ao seu domínio ou que o admin não ativou Gemini para o seu usuário.
Criando seu primeiro agente em 5 minutos

Em vez de explicar o produto em “conceitos”, vamos direto a um cenário de vida real de quem vive de digital: inbox cheia, demandas espalhadas e pouca visibilidade do que realmente precisa ser feito hoje.
A partir daqui, assume que:
- Você já tem acesso ao Workspace Studio.
- O Gemini está ativado na sua conta.
Agente 1: resumo diário dos seus e-mails importantes
Objetivo: receber um resumo organizado das mensagens que importam, sem precisar abrir thread por thread.
No Workspace Studio:
- Crie um novo agente a partir de um template de e-mail, como “Resumo diário de e-mails não lidos” ou algo similar.
- Ajuste os filtros para focar em:
- E-mails marcados como importantes.
- E-mails com o seu usuário no campo “Para” (e não apenas em cópia).
- Remetentes críticos, como clientes, liderança ou parceiros.
- Defina a saída:
- Receber um e-mail diário com o resumo.
- Ou receber um resumo em um espaço do Google Chat, se você preferir trabalhar por lá.
O que o agente faz na prática:
- Lê os e-mails novos.
- Identifica quais trazem decisões, pedidos ou informações relevantes.
- Gera um resumo em linguagem natural com os principais pontos e, se você configurar, já traz uma lista de tarefas sugeridas.
Isso sozinho já limpa boa parte da fadiga de “abrir tudo” logo cedo.
Agente 2: encontrar demandas escondidas e etiquetar como tarefas
Objetivo: transformar e-mails com pedidos em uma fila clara de “coisas para resolver”.
No Studio, você pode:
- Criar um agente ou usar um template que “etiqueta e-mails que contêm itens de ação”.
- Configurar o Gemini para procurar expressões como:
- “Pode fazer…”
- “Preciso que você…”
- “Você consegue…”
- “Pra quando dá para entregar…”.
- Toda vez que um e-mail com essa cara chegar, o agente:
- Aplica um label como “A responder” ou “A fazer”.
- Opcionalmente, envia uma mensagem no Google Chat avisando que você recebeu uma nova demanda.
Em vez de depender da sua memória, você passa a ter:
- Uma pasta de e-mails claramente marcada como tarefas.
- Um histórico fácil de priorizar, inclusive para combinar com outras automações.
Agente 3: organizar demandas em um Google Sheets
Agora vem a parte que você imaginou: transformar essas demandas em uma planilha de trabalho viva.
O Studio já traz exemplos de automações que combinam Gmail, Drive e Sheets, como salvar anexos em uma pasta e registrar em uma planilha.
Você pode adaptar essa lógica para sua rotina de tarefas:
- Crie um agente que “escuta” a chegada de e-mails com o label “A fazer”.
- Para cada e-mail novo com esse label, o agente adiciona uma linha em um Google Sheets com colunas como:
- Data de chegada.
- Remetente.
- Assunto.
- Resumo da demanda gerado pelo Gemini.
- Prazo sugerido, se houver.
- Link para o e-mail original.
- Opcionalmente, você ainda pode:
- Criar uma visão por responsável, se for um quadro de time.
- Alimentar um painel em Data Studio ou Looker usando essa planilha.
Aqui você ganha:
- Um “backlog” central de tarefas vindo dos e-mails, atualizado em tempo quase real.
- Um jeito simples de priorizar, filtrar por prazo e acompanhar o que ficou pendente.
Agente 4: resumo semanal para você não se perder
Fechando o ciclo, dá para montar um agente que toda sexta ou segunda gera um relatório da semana.
Ideias de saída:
- Um documento no Docs com:
- Principais e-mails de clientes.
- Demandas abertas e concluídas.
- Reuniões que geraram mais tarefas.
- Ou uma mensagem única em um espaço de Chat, com um resumo estilo “o que você não pode ignorar esta semana”.
Esse tipo de agente usa o mesmo mecanismo: lê a planilha de tarefas, consulta o Gmail e o Calendar e gera um texto pronto em cima disso.
Segurança e limites: até onde o agente consegue ir
Um medo comum é “a IA está lendo tudo o que eu faço”. O modelo de segurança do Workspace Studio foi desenhado para ficar dentro das regras normais do seu domínio.
Alguns pontos importantes:
- O agente só acessa dados que o seu usuário já teria permissão para ver.
- Você pode limitar as fontes que o agente usa, como pastas específicas do Drive ou certos tipos de e-mail.
- O Google reforça que os dados do Workspace não são usados para treinar modelos genéricos fora do seu domínio sem autorização, mantendo os compromissos corporativos de privacidade.
Na prática, o agente é uma camada a mais em cima do que você já usa, não um “olho externo” novo.
O que a chegada do Google Workspace Studio muda para quem vive de digital
Para quem trabalha com negócio digital, conteúdo, marketing ou produto, o Studio é um daqueles movimentos que parecem pequenos no começo, mas mudam a base do jogo.
O que dá para tirar disso, na prática:
- O e-mail deixa de ser só “caixa de entrada” e vira fonte estruturada de dados, que você consegue puxar para Sheets, dashboards e rotinas de planejamento.
- Repetição operacional (resumos, etiquetar, registrar, lembrar) passa a ser responsabilidade dos agentes, e não da sua cabeça.
- Times inteiros podem criar seus próprios agentes, sem depender de dev ou de ferramentas externas, desde que o domínio tenha um admin minimamente alinhado.
Se você já se perdeu tentando achar o tal “novo agent” do Google Workspace, provavelmente está exatamente na fase de transição: o recurso acabou de ser lançado, ainda está em rollout, e a documentação mais técnica não conversa com a dor real do usuário final.
A partir do momento em que o Studio aparecer para você, recomendo começar pequeno: um agente de resumo de e-mails e outro para transformar demandas em uma planilha. Depois que isso estiver rodando, dá para ficar mais ambicioso e orquestrar campanhas, pipelines, processos de vendas e até rotinas de produto em cima da mesma base.
